terça-feira, 4 de setembro de 2012


Diabetes Mellitus


Introdução


Tem-se observado um crescente aumento epidemiológico das doenças crônicas no Brasil e no mundo, destacando-se entre essas, o Diabetes Mellitus.
Observa-se, ainda, a crescente taxa internação e mortalidade causadas pela Diabetes. No Brasil, segundo fonte da Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquerito – Vigitel, o número de internação teve um aumento de 131.734 habitantes no ano de  2008 para 148.452 em 2010. E quanto a taxa de mortalidade, o aumento  foi de 24,1 óbitos por 100. 000 habitantes no ano de 2006 para 28.8 óbitos por 100.000 habitantes em 2010.
Tendo conhecimento de que se trata de uma doença metabólica, dieretamente ligada ao estado nutricional do individuo, tem-se a participação constante do profissional nutricionista ao tratamento do Diabete Mellitus. Visando a mudança do hábito alimentar do diabético, adequando sua alimentação de forma que essa traga-lhe beneficios a sua saúde e a melhoria da qualidade de vida.
Deve-se, também,  destacar a atuação do profissional da enfermagem, já que esse é geralmente o primeiro e mais constante profissional em contato com o paciente diabético, sendo ainda, e maior responsável pelos cuidados indicados  a tal pacientes.

Conceito


De acordo com o Ministério da Saúde, o Diabetes Mellitus é um grupo de doenças metabólicas caracterizadas por hiperglicemia e associadas a complicações, disfunções e insuficiência de vários órgãos, especialmente olhos, rins, nervos, cérebro, coração e vasos sanguíneos. Pode resultar de defeitos de secreção e/ou ação da insulina envolvendo processos patogênicos específicos, por exemplo, destruição das células beta do pâncreas (produtoras de insulina), resistência à ação da insulina, distúrbios da secreção da insulina, entre outros.
O índice de diabetes tem se elevado vertiginosamente e a dieta habitual é um dos principais fatores determinantes passíveis de modificação na prevenção da doença. Um estudo recentemente divulgado pela OMS revela que em 2030, o diabetes mellitus será a segunda causa de morte na América Latina. De acordo com os indicadores da OMS, o mundo já vive uma epidemia de diabetes. Em 1985, a doença atingia aproximadamente 30 milhões de pessoas. O número aumentou para 135 milhões em 1995 e para 177 milhões em 2000. A entidade estima que a prevalência do diabetes deva alcançar 333 milhões de pessoas em 2025.
Retirado do site: <http://www.artigonal.com/nutricao-artigos/alimentos-funcionais-e-diabetes-2807373.html> Acessado em: 30/08/12


·         Diabetes Tipo I –  O pâncreas produz pouca ou nenhuma insulina. E a doença ocorre mais na infância e adolescência, onde o individuo se torna insulinodependente, isto é, exige a aplicação de injeção de insulina;

·         Diabetes Tipo II –  As células são resistentes à ação da insulina. Em geral, acomete as pessoas depois dos 40 anos, e pode não ser insulinodependente.

·         Diabetes Gestacional – Ocorre durante a gravidez e, geralmente, é provocado pelo aumento de peso excessivo da mãe;

·         Há ainda Diabetes associados a outras patologias como pancreatites alcoólicas, uso de certos medicamentos, etc.

Consequências


São diversas as consequências causadas pela hiperglicemia a um paciente diabético, o que acaba por desenvolver sérios danos a saúde, como por exemplo:
·         Retinopatia diabética: lesões que aparecem na retina do olho, podendo causar pequenos sangramentos e, como consequência, a perda da acuidade visual;
·         Nefropatia diabética: alterações nos vasos sanguíneos dos rins que fazem com que ocorra uma perda de proteína pela urina. O órgão pode reduzir a sua função lentamente, mas de forma progressiva até a sua paralisação total;
·         Neuropatia diabética: os nervos ficam incapazes de emitir e receber as mensagens do cérebro, provocando sintomas, como formigamento, dormência ou queimação das pernas, pés e mãos;
·         Dores locais e desequilíbrio;
·         Enfraquecimento muscular;
·         Traumatismo dos pêlos;
·         Pressão baixa;
·         Distúrbios digestivos;
·         Excesso de transpiração e impotência;
·         Pé diabético: ocorre quando uma área machucada ou infeccionada nos pés desenvolve uma úlcera (ferida). Seu aparecimento pode ocorrer quando a circulação sanguínea é deficiente e os níveis de glicemia são mal controlados. Qualquer ferimento nos pés deve ser tratado rapidamente para evitar complicações que podem levar à amputação do membro afetado
·         Infarto do Miocárdio e Acidente Vascular Encefálico: ocorrem quando os grandes vasos sanguíneos são afetados, levando à obstrução (arteriosclerose) dos órgãos vitais como o coração e o cérebro.
·         Infecções: o excesso de glicose pode causar danos ao sistema imunológico, aumentando o risco da pessoa com diabetes contrair algum tipo de infecção. Isso ocorre porque os glóbulos brancos (responsáveis pelo combate a vírus, bactérias etc.) ficam menos eficazes com a hiperglicemia. O alto índice de açúcar no sangue é propício para que fungos e bactérias se proliferem em áreas como boca e gengiva, pulmões, pele, pés, genitais e locais de incisão cirúrgica.

Epidemiologia


Um comunicado da Organização Mundial da Saúde (OMS), em 16 de maio de 2012 deu destaque ao crescente problema das doenças crônicas.
Um em cada 10 adultos no mundo, segundo o comunicado, tem algum tipo de diabetes.
Ainda segundo o comunicado da OMS, a prevalência média de diabetes no mundo está em 10% da população, sendo que em países como as ilhas do Pacífico, esse valor chegue a 33%.
No Brasil, baseado em estudos regionais de prevalência de diabetes tipo II e atualizando os dados para o CENSO IBGE 2010, a sociedade brasileira de diabetes considera que12.054.824 (doze milhões, cinquenta e quatro mil, oitocentos e vinte e quatro), é o numero estimado de diabéticos no país.
Ainda de acordo com a VIGITEL BRASIL 2011(Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquerito Telefonico), segue os seguintes dados:


Sintomas

Os sintomas das complicações da diabetes mellitus envolvem queixas visuais, cardíacas, circulatórios, digestivas, urinárias, neurológicas, dermatológicas e ortopédicas, entre outras.
Há uma triade clássica dos sintomas da diabetes, que se resume em: poliúria (pessoa passa a urinar com maior frequência), polidipsia (ocorre o aumento da sede e da ingestão de líquidos) e polifagia (há um aumento de apetite). Pode, ainda, ocorrer perda de peso. E estes sintomas podem ocorre mais rapidamente no diabetes tipo I, particulamente em crianças, se desenvolvendo em questão de semanas ou meses. Assim como, pode ser sutil, se desenvolver muito mais lentamente, ou até mesmo, ser completamente ausente no diabetes tipo II.
Quando a concentração de glicose no sangue encontra-se muito alta, ou seja, acima do limiar renal (Limite da concentração de uma substância no sangue, que posteriormente aparecerá na urina), a reabsorção da glicose no túbulo proximal do rim é incompleta, e parte dessa glicose é excretada na urina (glicosúria). Como resultado há o aumento da pressão osmótica de urina, que consequentemente inibe a absorção de água pelo rim, resultando na poliúria (eliminação de uma grande quantidade de urina com um aumento na frequência urinaria), ou seja, há uma perda acentuada de líquido. O volume de sangue perdido será repostos através de osmose da água armazenada das células do corpo, o que tem como consequênciaa desidratação e a sensação de sede aumentada. Quando os níveis altos de glicose permanecem por longos períodos, somados a pressão arterial alta, que é comum em diabéticos, pode vir a ocorrer à retinopatia, uma das complicações da diabetes que causa problemas nos olhos. Geralmente a visão borrada é a reclamação mais comum que leva ao diagnóstico de diabetes; sendo que o diabetes tipo I, deve ser suspeito em casos de mudanças rápidas na visão e o tipo II, geralmente causa mudanças mais gradual. Geralmente, em pacientes de diabetes tipo I, pode se apresentar, ainda, cetoacidose diabética, um problema de desregulação metabólica, resultado da deficiência severa à insulina, juntamente com um aumento relativo ou absoluto da concentração de glucagon. E assim, a acidose metabólica é causada pelo colapso no armazenamento de adipose e consequentes, níveis de ácidos graxos livres. Dá-se que o glucagon acelera a oxidação dos ácidos graxos livres produzindo excesso de corpos cetônicos (cetose); caracterizado pelo cheiro de acetona na respiração do paciente. Nos casos de acidose diabética severa, pode ocorrer o como (estado de inconsciência), possivelmente progredindo para óbito.
Um estado raro, porém igualmente severo, é estado não-cetótico, ou, estado hiperosmolar não-ceótico. Quadro caraqterizado por hiperglicemia severa (aumento anormal do nivel de glicemia), ausência de cetose ou cetoacidose, desidratação profunda, depressão sensório e elevação da pressão osmótica. Frequentemente o paciente tem ingerido autas quantidades de bebidas contendo açucar, levando a um ciclo vicioso em consideração a perda de liquido.
Destacam-se, frequentemente, de maneira mais simples os seguintes sintomas:
·         Sede excessiva;
·         Aumento do volume da urina;
·         Aumento do número de micções;
·         Surgimento do hábito de urinar à noite;
·         Fadiga, fraqueza, tonturas;
·         Visão borrada;
·         Aumento de apetite;
·         Perda de peso.

Diagnósticos


O diagnostico de diabetes é feito inicialmente através de anamnese, depois por exame clinico e por fim exames laboratoriais. O diagnostico, ainda, pode ser presumido devido à presença de sintomas e sinais clássicos da doença, que são: sede excessiva, aumento do volume e do numero de micções (incluindo o surgimento de hábito de acordar a noite para urinar), fome excessiva e emagrecimento.

Exames sugeridos


·         Glicemia de jejum:

A Glicemia de jejum é medida através de exame de sangue que analisa a taxa de glicose no sangue. Os valores de referência são: 70 a 99mg/dl.

·         Glicemia pós-prandial:

É, talvez, o método mais simples e cômodo, para avaliar se o individuo está diabético, principalmente do tipo II. Consiste em dosar a glicemia seguidamente, uma, duas e três horas após uma refeição rica em carboidratos. Em pessoas normais, os valores não devem ser superiores a 160mg/dl na primeira hora, 120mg/dl na segunda hora e 100mg/dl na terceira hora.

·         Curva Glicêmica:  

Este exame é indicado para avaliar diabetes tipo II ou gestacional. Consiste em, após uma coleta de sangue em jejum, administrar glicose por via oral, ou glucagon de maneira subcutânea e repetir a coleta de sangue, seqüencialmente uma, duas e três horas depois. O exame deve ser repetido no dia seguinte. Os valores de referencia são: de 95mg/dl inicial, 180mg/dl após uma hora, 155mg/dl após duas horas e 140mg/dl após três horas. O diagnóstico de diabetes é dado quando em dois dias diferentes os valores máximos são ultrapassados.


Fatores de Risco

Existem algumas situações a quais são presumidas como fatores de rico para o Diabete Mellitus. Algumas delas são:
·         Idade maior ou igual a 45 anos;
·         História Familiar de DM (pais, filhos e irmãos);
·         Sedentarismo;
·         HDL- baixo ou triglicerídeo elevado;
·         Hipertensão arterial;
·         Doença coronariana;
·         DM gestacional prévio;
·         Filhos com peso maior do que 4 kg, abortos de repetição ou morte de filhos nos primeiros dias de vida;
·         Uso de medicamentos que aumentam a glicose (cortisonas, diuréticos tiazídicos e betabloqueadores);
·         Obesidade.

Alguns desses fatores de risco são modificáveis, como o sedentarismo, que consiste na falta de atividades físicas, a obesidade, principalmente na Obesidade central (a qual a gordura se deposita dentro da barriga) e, o baixo nível de HDL e triglicerídeos elevados, assim como, o enlevamento do nível do LDL (Colesterol ruim), que pode ser regulado através de mudanças no estilo de vida, principalmente voltado ao hábito alimentar.  

Orientação Nutricional


Primeiramente, precisa-se entender que existem alguns tipos de diabetes diferentes, porém, em todos os tipos a orientação nutricional é semelhante.
A diabetes trata-se de uma doença crônica, ou seja, uma doença que não tem cura. Mas apesar de ter cura, pode ser controlada, de forma que o individuo possa ter ótima qualidade de vida.
A alimentação de um paciente diabético deve ser bastante controlada, e o cardápio deve ser elaborado visando o controle metabólico (glicose e gorduras) e a pressão arterial.
Enfim, é inegável a ligação entre dieta e saúde e esse conceito tem sido fortalecido e propagado rapidamente nos últimos anos, sob o caráter dos chamados alimentos funcionais.
De acordo com a secretaria de vigilância sanitária, do ministério da saúde, alimento funcional é "Aquele alimento ou ingrediente que além das funções nutritivas básicas quando consumido como parte da dieta usual produza efeitos metabólicos e/ou fisiológicos e/ou efeitos benéficos à saúde, devendo ser seguro para o consumo sem supervisão médica."
(RDC nº 18 de 30/04/99).

Ainda de acordo com SOUZA et al 2003 apud MORAES F P et al: Alimentos funcionais devem apresentar propriedades benéficas além das nutricionais básicas, sendo apresentados na forma de alimentos comuns. São consumidos em dietas convencionais, mas demonstram capacidade de regulares funções corporais de forma a auxiliar na proteção contra doenças como, hipertensão, diabetes e câncer.

Dieta


O termo “Dieta” é referente ao habito alimentar de um individuo, ou seja, cada pessoa tem uma dieta diferente, saldável ou não. A “Dieta” se diversifica de acordo com cada cultura, se adaptando também a cada nível social, de acordo com a condição financeira do individuo ou grupo familiar.
Em termos populares, porém, “Dieta” trata-se de uma forma de manter o peso ou uma boa condição de saúde. E é dentro dessa compreensão que é feito as orientações nutricionais aos pacientes diabético.

 

Orientações especificas para diabéticos


1.    [Retirar totalmente o açúcar, mel, açúcar mascavo, açúcar cristal, açúcar orgânico e todas as preparações que vão esses ingredientes (doces e sobremesas).]
2.    Não misturar e nem repetir os carboidratos na mesma refeição. Exemplo: arroz, batata, mandioca, mandioquinha, macarrão, pão, aveia, granola;
3.    Prefira o carboidrato integral. Ex: pão integral, macarrão integral, aveia, granola. A fibra presente nesse alimento ajuda a liberar o açúcar no sangue aos poucos e controlar a sobra de açúcar no sangue;

4.    Consumir em torno de 3 frutas por dia, mas deve ser fracionado, ou seja, uma de cada vez a cada 3 horas. De preferência, consuma a casca junto;

5.    Não tomar suco de frutas concentrados. Somente 1 fruta por copo;

6.    Os vegetais são importantíssimo na alimentação. As folhas podem ser consumidas à vontade. Em relação aos legumes cuidado com a beterraba. Nunca tome suco de beterraba. Consuma a beterraba junto com a refeição em pequena quantidade (em torno de 2 fatias finas ou 1 colher de sopa da beterraba ralada junto do almoço e jantar);

7.    É preciso entender a diferença entre light e diet. Uma alimento classificado como light diz que esse alimento tem redução de pelo menos 25 % de um dos componentes. O diet significa que o alimento tem ausência total de um nutriente. No caso dos Diabéticos o termo correto é o diet, por ter ausência total de açúcar. Se for comprar algum alimento light precisa conferir nos ingredientes descritos no rótulo, se na composição tem açúcar ou não;

8.    Os doces diet são boas opções para saciar a vontade de doces. Mas cuidado com a quantidade. Muitas vezes esses alimentos são mais gordurosos do que as versões normais;

9.    Não abuse das quantidades de adoçante. A recomendação é de 3 a 5 gotas por copo ou 1 sachê por copo. Dê preferência para os adoçantes naturais (steviosídeo ou sucralose).
(Cardápio criado pela nutricionista: Cristiane Mara Cedra - CRN3 19470, para o site: <http://www.anutricionista.Com>. Acessado em 30/08/2012).
Mas deve-se atentar que se trata de um cardápio que apenas ilustra os cuidados que devem ser tomado na alimentação de um diabético, mas é de extrema importância que um paciente diabético siga as orientações médicas e, se possível, que procure um nutricionista para que faça um cardápio adequado a sua situação.


Diet e & light


É preciso saber a diferença entre alimento Diet e alimento Light, pois há, ainda, uma grande confusão na hora da escolha desses produtos. Portanto, deve-se conhecer tal diferença para evitar possíveis erros, que venham a causar danos à saúde do paciente diabético.

·         Diet: De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), esse termo só pode ser aplicado a alimentos que se destinam a dietas com restrição de nutrientes, como carboidrato, gorduras, proteína, sódio, glúten, entre outros. Sendo destinados a dietas com ingestão controlada de nutrientes. Estes alimentos não podem ter a adição de nutrientes, sendo permitida, apenas a existência do açúcar natural do alimento.

·         Light: O termo Light pode ser utilizado em produtos que tenham baixo ou reduzido valor energético ou valor nutricional. Os alimentos Light devem ter a redução de 25% em termos de calorias, em comparação com produtos similares convencionais. Deve-se, ainda, conter no rotulo o alimento ao qual se compara.

Entendendo as diferenças entre Diet e Light, pode se diferenciar com facilidade a os consumidores a quais se destinam cada grupo.
Os consumidores de produtos Diet, normalmente apresentam problemas metabólicos ou fisiológicos específicos. Precisam de alimentos especialmente formulados, a fim de eliminar ou substituir algum componente como açúcar, no caso de diabéticos, e sal, no caso de hipertensos.
Já os consumidores de produtos light, geralmente, são pessoas saudáveis, ou que estão acima do peso, que buscam de produtos com menos calorias ou com quantidade reduzida de algum nutriente, em comparação ao mesmo alimento convencional. Esses alimentos são recomendados, por exemplo, em dietas para perder peso.

Onde entra o “Zero”?


A denominação “Zero” foi mais uma jogada de marketing para chamar a atenção dos consumidores. O produto “Zero” normalmente indica que há  redução de 100% de algum nutriente, como o açúcar ou sal por exemplo.

Um diabético ao escolher um produto “Zero”, deve verificar se esse produto contém 0% açúcar, ou se trata de 0% de outro nutriente.


Tratamento


O tratamento do Diabetes Mellitus deve está de acordo com o tipo e o grau da doença. Sendo as principais indicações, em todos os casos e graus do Diabetes, uma alimentação adequada, que siga as indicações nutricionais, juntamente com atividade física, visando o controle metabólico e a melhoria de qualidade de vida do paciente diabético.
Sendo, apenas, a alimentação e as atividades físicas insuficientes como tratamento do Diabetes, o paciente passará, ainda, ao processo de tratamento medicamentoso, sendo esse tratamento prescrito por um médico endocrinologista, de acordo com cada caso analisado.
O tratamento, ainda, tem melhores resultado quando proporcionado por uma equipe multidisciplinar, a qual pode fazer parte: o endocrinologista, o nutricionista, o psicoterapeuta, o educador físico e o enfermeiro. Lembrando, porém, que o paciente deve ser membro ativo e principal nesse processo.

Tratamento medicamentoso


1.    Diabetes Tipo I

·         Insulinoterapia: Trata-se do tratamento através da administração exógena de insulina (geralmente por via subcutânea). Sendo que há diferentes tipos de insulinas, que deveram ser indicadas de forma que venha a atender a necessidade de cada paciente.

·         Transplante: Trata-se do transplante de pâncreas ou das células beta (As células betas são células endócrinas responsáveis por sintetizar e secretar o hormônio da insulina).

2.    Diabetes Tipo 2

·         Antidiabéticos orais: Trata-se de medicamentos que diminuem a resistência a insulina, administrados por via oral.

·         Insulinoterapia: Da esma forma citada no caso de Diabetes Tipo 1.

Medicamentos Antidiabéticos Orais


A tabela abaixo demonstra alguns medicamentos antidiabéticos de uso oral, e algumas informações relacionadas ao uso.
Tabela de antidiabéticos orais
Fonte:<
http://www.emv.fmb.unesp.br/aulas_on_line/Endocrinologia/diabetes_mellitus/trat_diabetes.asp> Acessado em 01/09/2012.

Principais tipos de Insulina


As insulinas podem ser do tipo humanas ou análogas. As insulinas humanas têm estrutura molecular semelhante à insulina produzida pelo pâncreas humano, enquanto as insulinas análogas tiveram a sua estrutura molecular modificada, com o objetivo de alcançar um perfil de ação mais próximo do fisiológico.
 Existem análogos de ação lenta, rápida ou bifásica. Seno que para cada paciente, uma determinada insulina é mais adequada.
  
Canetas de aplicação de insulina.
Imagem retirada do site <http://www.novonordisk.com.br > Acessado em 01/09/12

 

Conclusão


Ao analisar esse artigo, chega-se a conclusão de que a Diabetes Mellitus trata-se de um grupo de doenças metabólicas, a qual o principal tratamento consiste na reeducação alimentar, com mudança de hábito e a exclusão parcial ou total de alguns nutrientes, principalmente o açúcar.
É de extrema importância que o paciente diabético se atente a sua alimentação e que, na hora da escolha dos produtos q venham formar o seu cardápio, faça preferencia aos produtos Diet e/ou Zero, atentando-se sempre para a especificação nutricional do seu rótulo.  Destaca-se também a necessidade da atividade física para a ajuda no controle metabólico, e a melhoria de qualidade de vida do paciente.
Dessa forma fica clara a necessidade de auxilio por parte de um profissional da nutrição, de um médico endocrinologista, de um educado físico e de um enfermeiro, que juntos devem formar um grupo eficaz no tratamento do Diabetes Mellitus. Sendo ainda de extrema importância que o enfermeiro, tenha ciência das necessidades fisiológicas desse paciente, sendo esse o profissional mais constante em relação ao tratamento dessa doença. Para isso, é necessário que tal profissional tenha os conhecimentos científicos necessários, em torno do que lhe diz respeito a metabolismo, fisiologia e nutrição.
Por fim, com o aumento epidemiológico das doenças crônicas como a Diabetes Mellitus, deve-se atentar ainda mais a preparação de profissionais capazes de agir de forma enfática para a melhoria e manutenção da saúde de seus pacientes, trabalhando em equipe com os mais diversos campos da saúde. E acima de tudo, deve-se trabalhar incessantemente na conscientização de seus pacientes e da população em geral, a respeito de uma continua mudança em seus padrões de vida, em especial em seus hábitos alimentares.

Referências:




(Artigo retirado do Seminário de Nutrição, do Curso de Enfermagem - 3º Período Integral - FUNORTE, pelos acadêmicos: Barbara Leite, Carlos Rocha, Cleonice Ferreira, Dayane Silva, Deidiane Lima, Karla Talita, Katiúscia Carvalho. Sob orientação da Profª.  Maysa Dutra.)

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Bullying


Definido como prática de agressividade repetitiva entre crianças e adolescentes, expresso através de  perseguições, humilhações e intimidações, esse fenômeno chega mesmo a ser caraterizado como uma nova síndrome, denominada Síndrome de Maus-Tratos Repetitivos - SMAR (FANTE, 2005).

Atualmente o mundo se encontra em um processo árduo e lento de transfomação, um processo de mudanças de conceitos e valores que assola sobre toda a sociedade e recai em peso máximo sobre as escolas. Essas que tentam se manter como instituição que agregam valores de formação social, cultural e moral. E é nesse cenário de mudanças em meio a as diferenças e desigualdades,  que a escola se torna palco principal de uma prática crescente e cruel de intolerância, agressividade e violência. Um evento que dissemina-se entre as relações dos mais diversos indivíduos da sociedade escolar, principalmente entre alunos/alunos, alunos/professores e professores/alunos.

O bullying está presente como forma de agressividade física ou psíquica e está  nas definições de classe, raça e gênero, pesando sobre as diferença presente entre grupos e/ou indivíduos. Um ato cruel de discriminadão e desrespeito ao próximo que acarreta graves consequências e um prejuízo inestimável na formação de valores, autoestima, aprendizagem e socialização,  que reflete diretamente na sociedade, de forma negativa principalmente no que se diz respeito a convivência  e boa relação social.

Tem-se em vista ainda, o  bullying, como evolução natural de um contexto histórico de relações sociais e de poder. Uma luta de classes sociais, políticas e de gênero que sempre esteve presente, desde os tempos antigos, como podemos evidenciar na Idade Média, onde uma minoria dominante citava regras e usava do "poder" para fazê-las valer. E também se usava desse mesmo "poder" para a humilhar aqueles que não se adequassem a essas regras. E sendo essa pratica uma pratica histórica entre as relações humanas, torna-se a mesma, digna de maior atenção e preocupação, pois está diretamente ligada a cultura e a formação social, o que dificulta o seu rompimento.

Por fim, o bullying  está em evidência e deve ser trabalhado de forma séria pelas autoridades e pela sociedade em geral, tendo em vista, ainda, o efeito negativo que o mesmo causa na construção da indenidade de crianças e adolescente que sofrem agressividades físicas e verbais, dentro ou fora das escolas. É preciso um olhar minucioso e cuidadoso, de forma a buscar uma possível solução, ou, ao menos amenização desse quadro de agressividade gratuita que se instalou com tanta velocidade na sociedade. 



Baseado, em parte, no artigo: "ELES ME CHAMA DE FEIA, MACACA, CHATA E GORDA. EU FICO MUITO TRISTE - CLASSE ,  RAÇA E GÊNERO EM NARRATIVAS DE VIOLÊNCIA ESCOLAR." - (Anderson Ferrari) 


(CARLOS ROCHA)

terça-feira, 1 de maio de 2012

HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA (HAS)



A Hipertensão Arterial designa uma elevação excessiva da pressão arterial, acima dos valores de referência para a população em geral, sendo considerada como uma das doenças mais comuns do mundo moderno. A obesidade, o sedentarismo, o stress e o consumo excessivo de álcool e de sal, associados a uma predisposição hereditária, são apontadas como algumas das causas mais comuns da hipertensão arterial. A hipertensão também chamada de pressão alta é a doença corresponde à elevação da pressão arterial para números acima dos valores considerados normais. O coração bombeia o sangue para os demais órgãos do corpo por meio de vasos de maior calibre, chamados de artéria. Quando o sangue é bombeado, ele é "empurrado" contra a parede dos vasos sanguíneos. A tensão gerada na parede das artérias é denominada de pressão arterial.


A hipertensão arterial ou pressão alta é a elevação da pressão arterial para números acima dos valores considerados normais (maior ou igual a 140/90 mmHg). Estes índices podem causar lesões em diferentes órgãos como cérebro, coração, rins e olhos.
Quando a pressão arterial é medida, dois números são registrados. O maior chamado pressão arterial sistólica, é a pressão do sangue nos vasos. Quando o coração se contrai para impulsionar o sangue para o resto do corpo. O menor, chamado pressão diastólica, é a pressão do sangue nos vasos quando o coração encontra-se na fase de relaxamento (diástole).
“A hipertensão não é considerada assassina silenciosa à toa. Ela é assintomática e a maioria das pessoas demora de 10 a 15 anos para descobrí-la. Sinais de tontura e dor de cabeça, relatados pelos pacientes ocorrem quando a doença já está instalada há tempos".




A prevalência estimada de hipertensão no Brasil atualmente é de 35% da população acima de 40 anos. Isso representa em números absolutos um total de 17 milhões de portadores da doença, segundo estimativa de 2004 do Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE). Cerca de 75% dessas pessoas recorrem ao Sistema Único de Saúde (SUS) para receber atendimento na atendimento na Atenção Básica.
            A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) é um problema grave de saúde pública no Brasil e no mundo. Ela é um dos mais importantes fatores de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares, cerebrovasculares e renais, sendo responsável por pelo menos 40% das mortes por acidente vascular cerebral, por 25% das mortes por doença arterial coronariana e, em combinação com o diabete, 50% dos casos de insuficiência renal terminal. Com o critério atual de diagnóstico de hipertensão arterial (PA 140/90 mmHg), a prevalência na população urbana adulta brasileira varia de 22,3% a 43,9%, dependendo da cidade onde o estudo foi conduzido. A principal relevância da identificação e controle da HAS reside na redução das suas complicações, tais como:
• Doença cérebro-vascular
• Doença arterial coronariana
• Insuficiência cardíaca
• Doença renal crônica
• Doença arterial periférica
Para atender os portadores de hipertensão, o Ministério da Saúde possui o Programa Nacional de Atenção a Hipertensão Arterial e Diabetes Mellitus. O programa compreende um conjunto de ações de promoção de saúde, prevenção, diagnóstico e tratamento dos agravos da hipertensão.
A hipertensão arterial é responsável por 40% dos infartos, 80% dos derrames e 25% dos casos de insuficiência renal terminal. As graves consequências da pressão alta podem ser evitadas, desde que os hipertensos conheçam sua condição e mantenham-se em tratamento com adequado controle da pressão.



 Apesar de todos os avanços na área da fisiologia cardiovascular, os determinantes primários da hipertensão arterial ainda são pouco elucidados; pode-se dizer que é uma síndrome multifatorial, na qual interações complexas entre fatores genéticos e ambientais causam elevação sustentada da pressão arterial. Um pequeno número de pacientes (entre 2% e 5%) têm doença renal ou adrenal como causa de elevação da pressão arterial, levando à hipertensão secundária. Em aproximadamente 90% a 95% dos casos, a hipertensão não tem etiologia conhecida (classificada como primária ou idiopática), sendo o tratamento feito através de mudanças no estilo de vida e/ou medicamentos.
             “Não há uma causa única para a hipertensão em todos os indivíduos. Os fatores que produzem alterações no débito cardíaco ou alteram a resistência ao fluxo sanguíneo irão interferir na pressão arterial. A hiperatividade simpática, fatores ambientais (como ingestão de sal ou estresse), a resistência periférica à insulina, associada ou não à obesidade, e o sistema renina-angiotensina-aldosterona são alguns dos elementos que levam à hipertensão primária(Mancia et al., 1999).
              Nos últimos anos, outros fatores têm sido avaliados, incluindo a genética, disfunção endotelial e anormalidades neurovasculares . Em aproximadamente 30% dos casos, a hipertensão está associada à obesidade, dislipidemia e alterações do metabolismo da glicose, ou seja, síndrome metabólica.
     A pressão arterial representa a força exercida pelo sangue contra as paredes arteriais durante um ciclo cardíaco e é determinada por uma combinação de processos ligados ao débito cardíaco e à resistência vascular periférica. o controle da pressão é complexo e envolve mecanismos hemodinâmicos, neurais e hormonais que interagem para regular a pressão quando ocorrem variações devidas a vários estímulos. Diferentes mecanismos estão envolvidos tanto na manutenção como na variação momento-a-momento da pressão arterial, regulando o calibre e a reatividade vascular, a distribuição de fluido dentro e fora dos vasos e o débito cardíaco.
O desenvolvimento da hipertensão depende da interação entre pré-disposição genética e fatores ambientais, sabe-se, no entanto, que a hipertensão é acompanhada por alterações funcionais do sistema nervoso autônomo simpático, do renal, do sistema renina angiotensina, além de outros mecanismos humorais e disfunção endotelial. Assim a hipertensão resulta de várias alterações estruturais do sistema cardiovascular que tanto amplificam o estímulo hipertensivo, quando causam dano cardiovascular.
3.1  Sistema Nervoso Autônomo (Simpático)
O sistema simpático tem uma grande importância na gênese da hipertensão arterial, e contribui para a hipertensão relacionada com o estado hiperdinâmico. Vários autores relatam concentrações aumentadas de noradrenalina no plasma em pacientes portadores de hipertensão essencial, particularmente em pacientes mais jovens. Estudos mais recentes sobre atividade simpática mediada diretamente sobre nervos simpáticos de músculos superficiais de paciente hipertensos confirmam esses achados.
O ganho de peso interfere em diversos mecanismos. Um dos mais importantes é o sistema nervoso simpático que, entre outras funções, controla a dilatação e a constrição dos vasos. Existem fatores da obesidade que estimulam esse sistema, fazendo com que os vasos se fechem mais e os rins retenham mais água. Vasos mais estreitos e sobrepeso são razões que favorecem a elevação da pressão arterial. Sob coordenação do sistema nervoso simpático, que libera os hormônios e desencadeia a reação orgânica ao estresse, as artérias se contraem e o sangue é dirigido para os músculos porque a pessoa precisa ter reações rápidas.
3.2  Adaptação Cardiovascular
A sobrecarga do sistema cardiovascular causada pelo aumento da pressão arterial e pela ativação de fatores de crescimento leva a alterações estruturais de adaptação, com estreitamento do lúmen arteriolar e aumento da relação entre a espessura da média e da parede arterial. Isso aumenta a resistência ao fluxo e aumenta a resposta aos estímulos vasoconstrictores. Adaptações estruturais cardíacas consistem na hipertrofia da parede ventricular esquerda em resposta ao aumento na pós-carga (hipertrofia concêntrica), e no aumento do diâmetro da cavidade ventricular com aumento correspondente na espessura da parede ventricular (Hipertrofia excêntrica), em resposta ao aumento da pré-carga.
3.3  Mecanismos Renais
Estão envolvidos na patogênese da hipertensão, tanto através de uma natriurese alterada, levando à retenção de sódio e água, quanto pela liberação alterada de fatores que aumentam a pressão arterial como a renina. 
  3.3.1  Sistema renina-angiotensina-aldosterona
O sistema renina-angiotensina, está envolvido no controle fisiológico da pressão arterial e no controle do sódio. Tem importantes aplicações no desenvolvimento da hipertensão renal e deve estar envolvido na patogênese da hipertensão arterial essensial. O papel do sistema renina-angiotensina-aldosterona a nível cardíaco, vascular e renal é mediado pela produção ou ativação de diversos fatores de crescimento e substâncias vaso-ativas, induzindo vasoconstrição e hipertrofia celular.
 3.3.2  Descrição
             O sistema renina-angiotensina-aldosterona (S-RAA) é descrito como um eixo endócrino no qual cada componente de uma cascata é produzido por diferentes órgãos, para manter a estabilidade hemodinâmica.
Estão identificados no corpo humano, dois diferentes tipos de sistemas renina-angiotensina: o circulante, descrito há bastante tempo, e o local, descrito mais recentemente e que parece desempenhar papel importante na homeostase circulatória.
No S-RAA circulante, o angiotensinogênio é produzido pelo fígado, que requer glicocorticoide do córtex adrenal e estrógeno das gônadas; a renina é liberada pelos rins, enquanto que a enzima de conversão de angiotensina I em angiotensina II (ECA) é encontrada no endotélio vascular de vários órgãos. A aldosterona é liberada pelo córtex supra-renal estimulado pela angiotensina II.
            Uma vez ativada a cascata, surgem a angiotensina I e a angiotensina II, que circulam pelo sangue ativando suas estruturas-alvo: vasos sangüíneos (sobretudo arteríolas e veias sistêmicas), rins, coração, supra-renais e o sistema nervoso simpático.
A lógica fundamental que preside o funcionamento do sistema é responder a uma instabilidade hemodinâmica e evitar a redução na perfusão tecidual sistêmica. Atua de modo a reverter a tendência à hipotensão arterial através da indução de vasoconstricção arteriolar periférica e aumento na volemia por meio de retenção renal de sódio (através da aldosterona) e água (através da liberação de ADH-vasopressina).
Portanto, o sistema renina-angiotensina-aldosterona se soma ao sistema simpático e ao ADH, compondo o trio de sistemas neuro-hormonais de compensação cardiovascular.




3.4  Disfunção Endotelial

Estudos demonstram o envolvimento do endotélio na conversão da angiotensina I em angiotensina II, na inativação de cininas e na produção do fator relaxante derivado ao endotélio ou óxido nítrico. Além disso, o endotélio está envolvido no controle hormonal e neurogênico local do tônus vascular e dos processos homeostáticos. Também é responsável pela liberação de agentes vasoconstrictores, incluindo a endotelina, que está envolvida em algumas das complicações vasculares da hipertensão. Na presença de hipertensão ou aterosclerose, a função endotelial está alterada e as respostas pressóricas aos estímulos locais e endógenos passam a se tornar dominantes. Ainda é muito cedo para determinar se a hipertensão de uma forma geral está associada à disfunção endotelial. Também ainda não está claro se a disfunção endotelial seria secundária à hipertensão arterial ou se seria uma expressão primária de uma predisposição genética.



              Hipertensão Arterial é definida como pressão arterial sistólica maior ou igual a 140 mmHg e uma pressão arterial diastólica maior ou igual a 90 mmHg, em indivíduos que não estão fazendo uso de medicação anti-hipertensiva. Devem-se considerar no diagnóstico da HAS, além dos níveis tensionais, o risco cardiovascular global estimado pela presença dos fatores de risco, a presença de lesões nos órgãos-alvo e as comorbidades associadas. É preciso ter cautela antes de rotular alguém como hipertenso, tanto pelo risco de um diagnóstico falso-positivo, como pela repercussão na própria saúde do indivíduo e o custo social resultante. Em indivíduos sem diagnóstico prévio e níveis de PA elevada em uma aferição, recomenda-se repetir a aferição de pressão arterial em diferentes períodos, antes de caracterizar a presença de HAS. Este diagnóstico requer que se conheça a pressão usual do indivíduo, não sendo suficiente uma ou poucas aferições casuais. A aferição repetida da pressão arterial em dias diversos em consultório é requerida para chegar a pressão usual e reduzir a ocorrência da “hipertensão do avental branco”, que consiste na elevação da pressão arterial ante a simples presença do profissional de saúde no momento da medida da PA.
             O Quadro abaixo apresenta a classificação da pressão arterial para adultos com mais de 18 anos. Os valores limites de pressão arterial normal para crianças e adolescentes de 1 a 17 anos constam de tabelas especiais que levam em consideração a idade e o percentil de altura em que o indivíduo se encontra.

 4.1  Classificação da pressão arterial em adultos


CLASSIFICAÇÃO
PAS (mmHg)
PAD (mmHg)
NORMAL
< 120
< 80
PRÉ-HIPERTNSÃO
120-139
80-89
HIPERTENSÃO


ESTÁGIO 1
140-159
90-99
ESTÁGIO 2
> 160
> 100


– O valor mais alto de sistólica ou diastólica estabelece o estágio do quadro hipertensivo.
– Quando as pressões sistólica e diastólica situam-se em categorias diferentes, a maior deve ser utilizada para classificação do estágio. 


4.2  DIAGNÓSTICO



            O diagnóstico da hipertensão arterial (HA) é feito com detalhada anamnese e exame físico, associados a duas ou mais mensurações pressóricas com valores maiores ou iguais a 140/90 mmHg, em dias e horários diferentes, observando-se a correta técnica, em indivíduos acima dos 18 anos.
            Mensurações após ingestão de álcool e café, por exemplo, sem o devido repouso, podem proporcionar super estimativas relativas aos valores verdadeiros.

4.2.1  Hipertensão sistólica isolada
            Hipertensão sistólica isolada é definida como comportamento anormal da PA sistólica com PA diastólica normal. A hipertensão sistólica isolada e a pressão de pulso são fatores de risco importantes para doença cardiovascular em pacientes de meia-idade e idosos.


4.2.2  Hipertensão do avental branco
            Define-se HAB quando o paciente apresenta medidas de PA persistentemente elevadas (140/90 mmHg) no consultório e médias de PA consideradas normais seja na residência.
            Evidências disponíveis apontam para pior prognóstico cardiovascular para a HAB em relação aos pacientes normotensos. Até 70% dos pacientes com esse comportamento de PA terão HAS em um período de dez anos.

4.2.3  Hipertensão mascarada
            É definida como a situação clínica caracterizada por valores normais de PA no consultório (<140/90 mmHg), porém com PA elevada  durante o período de vigília.
            Em diversos estudos a prevalência de HM variou de 8% a 48%. Esta condição deve ser pesquisada em indivíduos com PA normal ou limítrofe e mesmo nos hipertensos controlados, mas com sinais de lesões em órgãos-alvo; histórico familiar positivo para HAS, risco cardiovascular alto e medida casual fora do consultório anormal.
            Os pacientes portadores de HM devem ser identificados e acompanhados, pois apresentam risco de desenvolver lesões de órgãos-alvo de forma semelhante a pacientes hipertensos.
            Após a conclusão definitiva de que o paciente apresenta realmente HA, é necessário considerar se a HA é primária ou secundária e, neste caso, a possibilidade de ser curável. Além disso, averiguar o envolvimento de órgãos-alvo, presença de fatores de risco e o estágio da HA. Estas questões devem estar presentes durante toda a abordagem do portador de HA para serem respondidas pela anamnese, exame físico e exames subsidiários.





            As principais estratégias para o tratamento não-farmacológico da HAS incluem as seguintes:

5.1   Controle de peso
             O excesso de peso é um fator predisponente para a hipertensão. Estima-se que 20% a 30% da prevalência da hipertensão pode ser explicada pela presença do excesso de peso. Todos os hipertensos com excesso de peso devem ser incluídos em programas de redução de peso. A meta é alcançar um índice de massa corporal (IMC) inferior a 25 kg/m2 e circunferência da cintura inferior a 102 cm para homens e 88 cm para mulheres, embora a diminuição de 5% a 10% do peso corporal inicial já seja capaz de produzir redução da pressão arterial.
            Independentemente do valor do IMC, a distribuição de gordura, com localização predominantemente no abdome, está freqüentemente associada com resistência à insulina e elevação da pressão arterial. Assim, a circunferência abdominal acima dos valores de referência é um fator preditivo de doença cardiovascular.
             A redução da ingestão calórica leva à perda de peso e à diminuição da pressão arterial, mecanismo explicado pela queda da insulinemia, redução da sensibilidade ao sódio e diminuição da atividade do sistema nervoso autônomo simpático.

5.2   Adoção de hábitos alimentares saudáveis

               A dieta desempenha um papel importante no controle da hipertensão arterial. Uma dieta com conteúdo reduzido de teores de sódio (<2,4 g/dia, equivalente a 6 gramas de cloreto de sódio), baseada em frutas, verduras e legumes, cereais integrais, leguminosas, leite e derivados desnatados, quantidade reduzida de gorduras saturadas, trans e colesterol mostrou ser capaz de reduzir a pressão arterial em indivíduos hipertensos.

 5.3   Linhas gerais de recomendação dietética para hipertensos

• Manter o peso corporal adequado;
• Reduzir a quantidade de sal no preparo dos alimentos e retirar o saleiro da mesa;
• Restringir as fontes industrializadas de sal: temperos prontos, sopas, embutidos como salsicha, lingüiça, salame e mortadela, conservas, enlatados, defumados e salgados de pacote, fast food;
• Limitar ou abolir o uso de bebidas alcoólicas;
• Dar preferência a temperos naturais como limão, ervas, alho, cebola, salsa e cebolinha, ao invés de similares industrializados;
• Substituir bolos, biscoitos doces e recheados, sobremesas doces e outras guloseimas por frutas in natura;
• Incluir, pelo menos, seis porções de frutas, legumes e verduras no plano alimentar diário, procurando variar os tipos e cores consumidos durante a semana;
• Optar por alimentos com reduzido teor de gordura e, preferencialmente, do tipo mono ou poliinsaturada, presentes nas fontes de origem vegetal, exceto dendê e coco;
• Manter ingestão adequada de cálcio pelo uso de vegetais de folhas verde-escuras e produtos lácteos, de preferência, desnatados;
• Identificar formas saudáveis e prazerosas de preparo dos alimentos: assados, crus, grelhados, etc.;
• Estabelecer plano alimentar capaz de atender às exigências de uma alimentação saudável, do controle do peso corporal, das preferências pessoais e do poder aquisitivo do indivíduo e sua família.

5.4   Redução do consumo de bebidas alcoólicas

             A relação entre o alto consumo de bebida alcoólica e a elevação da pressão arterial tem sido relatada em estudos observacionais e a redução da ingestão de álcool pode reduzir a pressão arterial em homens normotensos e hipertensos que consomem grandes quantidades de bebidas alcoólicas. Recomenda-se limitar a ingestão de bebida alcoólica a menos de 30 ml/dia de etanol para homens e a metade dessa quantidade para mulheres, preferencialmente com as refeições. Isso corresponde, para o homem, a ingestão diária de no máximo 720 ml de cerveja (uma garrafa); 240 ml de vinho (uma taça) ou 60 ml de bebida destilada (uma dose). Aos pacientes que não conseguem se enquadrar nesses limites de consumo sugere-se o abandono do consumo de bebidas alcoólicas, abandono do tabagismo e prática de atividade física regular.




                O objetivo primordial do tratamento da hipertensão arterial é a redução da morbidade e da mortalidade cardiovascular do paciente hipertenso, aumentadas em decorrência dos altos níveis tensionais e de outros fatores agravantes. São utilizadas tanto medidas não-farmacológicas isoladas como associadas a fármacos anti-hipertensivos. Os agentes anti-hipertensivos a serem utilizados devem promover a redução não só dos níveis tensionais como também a redução de eventos cardiovasculares fatais e não-fatais.
            O tratamento  medicamentoso visa reduzir os níveis pressóricos para valores inferiores a 140 mmHg de pressão sistólica e a 90 mmHg de pressão diastólica. Reduções da PA para níveis inferiores a 130/85 mmHg são recomendadas para situações específicas, como em pacientes de alto risco cardiovascular, principalmente com microalbuminúria, insuficiência cardíaca, com comprometimento renal e na prevenção secundária de acidente vascular cerebral. Nos pacientes com diabete a pressão alvo é inferior a 130/80 mmHg.

6.1  Princípios gerais do tratamento

• O medicamento anti-hipertensivo deve:
– Ser eficaz por via oral;
– Ser bem tolerado;
– Permitir a administração em menor número possível de tomadas, diárias, com preferência para posologia de dose única diária.
• Iniciar com as menores doses efetivas preconizadas para cada situação clínica, podendo ser aumentadas gradativamente. Deve-se levar em conta que quanto maior a dose, maiores serão as probabilidades de efeitos adversos.
• Pode-se considerar o uso combinado de medicamentos anti-hipertensivos em pacientes com hipertensão em estágios 2.
Respeitar o período mínimo de quatro semanas, salvo em situações especiais, para aumento de dose, substituição da monoterapia ou mudança da associação de fármacos.
• Instruir o paciente sobre a doença hipertensiva, particularizando a necessidade do tratamento
continuado, a possibilidade de efeitos adversos dos medicamentos utilizados, a planificação e os objetivos terapêuticos.
• Considerar as condições socioeconômicas.

6.2  Agentes anti-hipertensivos
            Os agentes anti-hipertensivos exercem sua ação terapêutica através de distintos mecanismos que interferem na fisiopatologia da hipertensão arterial. Basicamente, podem ser catalogados em cinco classes:

6.3   Classes de anti-hipertensivos
• Diuréticos.
• Inibidores adrenérgicos.
• Vasodilatadores diretos.
• Antagonistas do sistema renina-angiotensina.
• Bloqueadores dos canais de cálcio.

             Entre os fármacos mais estudados e que se mostraram benéfico em reduzir eventos cardiovasculares, cerebrovasculares e renais maiores estão os diuréticos em baixas doses. Considerando ainda o baixo custo e extensa experiência de emprego, são recomendados como primeira opção anti-hipertensiva na maioria dos pacientes hipertensos. Devem ser prescritos em monoterapia inicial, especialmente para pacientes com hipertensão arterial em estágio 1 que não responderam às medidas não-medicamentosas. Entretanto, a monoterapia inicial é eficaz em apenas 40% a 50% dos casos.
            Muitos pacientes necessitam a associação com anti-hipertensivo de outra classe, como inibidores da ECA, beta-bloqueadores, antagonista do cálcio.
Para pacientes em estágio 2, pode-se considerar o uso de associações de fármacos anti-hipertensivos como terapia inicial.
  




              O papel do enfermeiro em educação em saúde pode ajudar aos indivíduos a se adaptarem à doença. e a prevenir complicações e atender à terapia prescrita e resolver problemas quando confrontados com novas situações. Essa é uma tarefa que depende, no caso da saúde, de profissionais com habilidades e competências para orientar as pessoas a: Promover a saúde; Evitar riscos a saúde; Prevenir doenças; A meta da educação em saúde é ensinar as pessoas a viverem a vida da maneira mais saudável.
             Os (As) enfermeiros (as), a julgar pela sua sapiência em saúde e em atenção à saúde e por sua grande e longa credibilidade junto aos usuários, têm um papel fundamental na promoção da saúde. A aprendizagem pode ser definida como: aquisição de conhecimento, atitudes ou habilidades. A atuação do enfermeiro, nesta estratégia, deve englobar atividades preventivas e curativas no âmbito individual e coletivo. (Ribeiro 2009)
             Cabe ao enfermeiro atuante na comunidade desenvolver estratégias de ação além das atividades para a manutenção, promoção da saúde e prevenção de doenças. Este profissional possui a responsabilidade do diagnóstico, intervenções e assessoria para que as pessoas possam atingir seu potencial ao máximo de saúde. (HORTA, 1979 ).

7.1 AÇÕES

1- Reduzir o peso corporal através de dieta calórica controlada: substituir as gorduras animais por óleos vegetais, diminuir os açúcares e aumentar a ingestão de fibras.
2- Reduzir o sal de cozinha, embutidos, enlatados, conservas, bacalhau, charque e queijos salgados.
3- Reduzir o consumo de álcool.
4- Exercitar-se regularmente 30-45 minutos, de três a cinco vezes por semana.
5- Abandonar o tabagismo.
6- Controlar as alterações das gorduras sanguíneas (dislipidemias), evitando os alimentos que aumentam os triglicerídeos como os açúcares, mel, melado, rapadura, álcool, e os ricos em colesterol ou gorduras saturadas: banha, torresmo, leite integral, manteiga, creme de leite, linguiça, salame, presunto, frituras, frutos do mar, miúdos, pele de frango, dobradinha, mocotó, gema de ovo, carne gorda, azeite de dendê, castanha, amendoins, chocolate e sorvetes.
7- Controlar o estresse.
8- Reduzir o sal é muito importante para os hipertensos da raça negra, pois neles a hipertensão arterial é mais severa e provoca mais acidentes cardiovasculares, necessitando controles médicos constantes e periódicos.
9- Evitar drogas que elevam a pressão arterial: anticoncepcionais, antiinflamatórios, moderadores de apetite, descongestionantes nasais, antidepressivos, corticóides, derivados da ergotamina, estimulantes (anfetaminas), cafeína, cocaína e outros.


            O presente artigo enfoca a Hipertensão Arterial Sistêmica com aspectos epidemiológicos, diagnósticos, tratamento farmacológico e não farmacológico. A HAS, uma doença crônico-degenerativa, multifatorial, na maioria das vezes assintomática, de evolução lenta e progressiva que pode prejudicar a função de diversos órgãos nobres, como coração, cérebro, rins e olhos. A HAS constitui um grande problema social, visto que pode produzir lesões em órgãos-alvo em idade precoce e, portanto, produtiva do indivíduo, ocasionando altos danos à saúde.
            As pesquisas aqui descritas, enfocam, ainda, o tratamento da HAS, qual se faz necessário, inicialmente, estratificar os riscos, definir os objetivos, metas e as condições, de formar a manter a qualidade de vida. Assim, deve-se dar ênfase ao tratamento não farmacológico, com modificações no estilo de vida e, quando não suficiente, associar o tratamento farmacológico, considerando ainda os casos especiais, como o diabetes mellitus, coronáriopatia e insuficiência cardíaca.
Conclui-se, portanto, que, a Hipertensão Arterial Sistêmica, se trata de uma moléstia que acomete uma grande porcentagem da população brasileira e, também, mundial, e que pode vir afetar de forma grave a saúde do individuo, o que requer maior atenção por partes dos agentes e órgãos da saúde e da população em geral, que deve estar focada, entre outras coisas, nas mudanças de hábitos, tais como hábitos alimentares, o que se faz como grande problemática, já que esses hábitos estão diretamente ligados a cultura e a realidade social a qual este indivíduo se encontra inserido.  

Caderneta da atenção básica (Ministério da Saúde )            


*** Artigo baseado no Seminário Integrado de Enfermagem, para as disciplinas de Bioquímica, Fisiologia e Imunologia, abordando o tema: Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS), apresentado pelos acadêmicos: Ana Monique; Carlos Rocha; Cristiane Andrade; Janine Teixeira; Karla Talita; Mayke Muller e Thalita Soares.  Pelo: Instituto de Ciências e Saúde (ICS) - FUNORTE - Montes Claros - MG. Em 04/2012.