A Hipertensão Arterial
designa uma elevação excessiva da pressão arterial, acima dos valores de
referência para a população em geral, sendo considerada como uma das doenças
mais comuns do mundo moderno. A obesidade, o sedentarismo, o stress e o consumo
excessivo de álcool e de sal, associados a uma predisposição hereditária, são
apontadas como algumas das causas mais comuns da hipertensão arterial. A
hipertensão também chamada de pressão alta é a doença corresponde à elevação da
pressão arterial para números acima dos valores considerados normais. O coração
bombeia o sangue para os demais órgãos do corpo por meio de vasos de maior
calibre, chamados de artéria. Quando o sangue é bombeado, ele é
"empurrado" contra a parede dos vasos sanguíneos. A tensão gerada na
parede das artérias é denominada de pressão arterial.
A hipertensão arterial
ou pressão alta é a elevação da pressão arterial para números acima dos valores
considerados normais (maior ou igual a 140/90 mmHg). Estes índices podem causar
lesões em diferentes órgãos como cérebro, coração, rins e olhos.
Quando a pressão
arterial é medida, dois números são registrados. O maior chamado pressão
arterial sistólica, é a pressão do sangue nos vasos. Quando o coração se
contrai para impulsionar o sangue para o resto do corpo. O menor, chamado
pressão diastólica, é a pressão do sangue nos vasos quando o coração
encontra-se na fase de relaxamento (diástole).
“A hipertensão não é considerada assassina
silenciosa à toa. Ela é assintomática e a maioria das pessoas demora de
A prevalência estimada
de hipertensão no Brasil atualmente é de 35% da população acima de 40 anos.
Isso representa em números absolutos um total de 17 milhões de portadores da
doença, segundo estimativa de 2004 do Instituto Brasileiro de Geografia
Estatística (IBGE). Cerca de 75% dessas pessoas recorrem ao Sistema Único de
Saúde (SUS) para receber atendimento na atendimento na Atenção Básica.
A Hipertensão Arterial
Sistêmica (HAS) é um problema grave de saúde pública no Brasil e no mundo. Ela
é um dos mais importantes fatores de risco para o desenvolvimento de doenças
cardiovasculares, cerebrovasculares e renais, sendo responsável por pelo menos
40% das mortes por acidente vascular cerebral, por 25% das mortes por doença
arterial coronariana e, em combinação com o diabete, 50% dos casos de
insuficiência renal terminal. Com o critério atual de diagnóstico de
hipertensão arterial (PA 140/90 mmHg), a prevalência na população urbana adulta
brasileira varia de 22,3% a 43,9%, dependendo da cidade onde o estudo foi
conduzido. A principal relevância da identificação e controle da HAS reside na
redução das suas complicações, tais como:
• Doença cérebro-vascular
• Doença arterial coronariana
• Insuficiência cardíaca
• Doença renal crônica
• Doença arterial periférica
Para atender os
portadores de hipertensão, o Ministério da Saúde possui o Programa Nacional de
Atenção a Hipertensão Arterial e Diabetes Mellitus. O programa compreende um
conjunto de ações de promoção de saúde, prevenção, diagnóstico e tratamento dos
agravos da hipertensão.
A hipertensão arterial é
responsável por 40% dos infartos, 80% dos derrames e 25% dos casos de
insuficiência renal terminal. As graves consequências da pressão alta podem ser
evitadas, desde que os hipertensos conheçam sua condição e mantenham-se em
tratamento com adequado controle da pressão.
Apesar de todos os avanços na área da
fisiologia cardiovascular, os determinantes primários da hipertensão arterial
ainda são pouco elucidados; pode-se dizer que é uma síndrome multifatorial, na
qual interações complexas entre fatores genéticos e ambientais causam elevação
sustentada da pressão arterial. Um pequeno número de pacientes (entre 2% e 5%)
têm doença renal ou adrenal como causa de elevação da pressão arterial, levando
à hipertensão secundária. Em aproximadamente 90% a 95% dos casos, a hipertensão
não tem etiologia conhecida (classificada como primária ou idiopática), sendo o
tratamento feito através de mudanças no estilo de vida e/ou medicamentos.
“Não
há uma causa única para a hipertensão em todos os indivíduos. Os fatores que
produzem alterações no débito cardíaco ou alteram a resistência ao fluxo
sanguíneo irão interferir na pressão arterial. A hiperatividade simpática,
fatores ambientais (como ingestão de sal ou estresse), a resistência periférica
à insulina, associada ou não à obesidade, e o sistema
renina-angiotensina-aldosterona são alguns dos elementos que levam à
hipertensão primária” (Mancia et
al., 1999).
Nos últimos anos, outros fatores têm sido avaliados, incluindo a
genética, disfunção endotelial e anormalidades neurovasculares . Em
aproximadamente 30% dos casos, a hipertensão está associada à obesidade,
dislipidemia e alterações do metabolismo da glicose, ou seja, síndrome
metabólica.
A
pressão arterial representa a força exercida pelo sangue contra as paredes
arteriais durante um ciclo cardíaco e é determinada por uma combinação de
processos ligados ao débito cardíaco e à resistência vascular periférica. o
controle da pressão é complexo e envolve mecanismos hemodinâmicos, neurais e
hormonais que interagem para regular a pressão quando ocorrem variações devidas
a vários estímulos. Diferentes mecanismos estão envolvidos tanto na manutenção
como na variação momento-a-momento da pressão arterial, regulando o calibre e a
reatividade vascular, a distribuição de fluido dentro e fora dos vasos e o
débito cardíaco.
O desenvolvimento da
hipertensão depende da interação entre pré-disposição genética e fatores
ambientais, sabe-se, no entanto, que a hipertensão é acompanhada por alterações
funcionais do sistema nervoso autônomo simpático, do renal, do sistema renina
angiotensina, além de outros mecanismos humorais e disfunção endotelial. Assim
a hipertensão resulta de várias alterações estruturais do sistema
cardiovascular que tanto amplificam o estímulo hipertensivo, quando causam dano
cardiovascular.
3.1 Sistema
Nervoso Autônomo (Simpático)
O
sistema simpático tem uma grande importância na gênese da hipertensão arterial,
e contribui para a hipertensão relacionada com o estado hiperdinâmico. Vários
autores relatam concentrações aumentadas de noradrenalina no plasma em
pacientes portadores de hipertensão essencial, particularmente em pacientes
mais jovens. Estudos mais recentes sobre atividade simpática mediada
diretamente sobre nervos simpáticos de músculos superficiais de paciente
hipertensos confirmam esses achados.
O
ganho de peso interfere em diversos mecanismos. Um dos mais importantes é o
sistema nervoso simpático que, entre outras funções, controla a dilatação e a
constrição dos vasos. Existem fatores da obesidade que estimulam esse sistema,
fazendo com que os vasos se fechem mais e os rins retenham mais água. Vasos
mais estreitos e sobrepeso são razões que favorecem a elevação da pressão
arterial. Sob coordenação do sistema nervoso simpático, que libera os hormônios
e desencadeia a reação orgânica ao estresse, as artérias se contraem e o sangue
é dirigido para os músculos porque a pessoa precisa ter reações rápidas.
3.2 Adaptação Cardiovascular
A sobrecarga do sistema
cardiovascular causada pelo aumento da pressão arterial e pela ativação de
fatores de crescimento leva a alterações estruturais de adaptação, com
estreitamento do lúmen arteriolar e aumento da relação entre a espessura da
média e da parede arterial. Isso aumenta a resistência ao fluxo e aumenta a resposta
aos estímulos vasoconstrictores. Adaptações estruturais cardíacas consistem na
hipertrofia da parede ventricular esquerda em resposta ao aumento na pós-carga
(hipertrofia concêntrica), e no aumento do diâmetro da cavidade ventricular com
aumento correspondente na espessura da parede ventricular (Hipertrofia
excêntrica), em resposta ao aumento da pré-carga.
3.3 Mecanismos
Renais
Estão envolvidos na
patogênese da hipertensão, tanto através de uma natriurese alterada, levando à
retenção de sódio e água, quanto pela liberação alterada de fatores que
aumentam a pressão arterial como a renina.
3.3.1 Sistema renina-angiotensina-aldosterona
O
sistema renina-angiotensina, está envolvido no controle fisiológico da pressão
arterial e no controle do sódio. Tem importantes aplicações no desenvolvimento
da hipertensão renal e deve estar envolvido na patogênese da hipertensão
arterial essensial. O papel do sistema renina-angiotensina-aldosterona a nível
cardíaco, vascular e renal é mediado pela produção ou ativação de diversos
fatores de crescimento e substâncias vaso-ativas, induzindo vasoconstrição e
hipertrofia celular.
3.3.2 Descrição
O sistema renina-angiotensina-aldosterona
(S-RAA) é descrito como um eixo endócrino no qual cada componente
de uma cascata é produzido por diferentes órgãos, para manter a estabilidade
hemodinâmica.
Estão
identificados no corpo humano, dois diferentes tipos de sistemas
renina-angiotensina: o circulante, descrito há bastante tempo, e o local,
descrito mais recentemente e que parece desempenhar papel importante na
homeostase circulatória.
No
S-RAA circulante, o angiotensinogênio é produzido pelo fígado, que requer glicocorticoide do córtex adrenal e estrógeno das gônadas; a renina é liberada pelos rins,
enquanto que a enzima de conversão de angiotensina I em angiotensina II (ECA) é
encontrada no endotélio vascular de vários órgãos. A aldosterona é liberada
pelo córtex supra-renal estimulado pela angiotensina II.
Uma
vez ativada a cascata, surgem a angiotensina
I e a angiotensina II, que circulam pelo sangue ativando suas
estruturas-alvo: vasos sangüíneos (sobretudo arteríolas e veias sistêmicas),
rins, coração, supra-renais e o sistema nervoso simpático.
A
lógica fundamental que preside o funcionamento do sistema é responder a uma instabilidade hemodinâmica e evitar a redução na
perfusão tecidual sistêmica. Atua de modo a reverter a tendência à hipotensão
arterial através da indução de vasoconstricção arteriolar periférica e aumento
na volemia por meio de retenção renal de sódio (através da aldosterona) e água (através da liberação de
ADH-vasopressina).
Portanto,
o sistema renina-angiotensina-aldosterona se soma ao sistema simpático e ao ADH,
compondo o trio de sistemas neuro-hormonais de compensação cardiovascular.
3.4 Disfunção Endotelial
Estudos
demonstram o envolvimento do endotélio na conversão da angiotensina I em
angiotensina II, na inativação de cininas e na produção do fator relaxante
derivado ao endotélio ou óxido nítrico. Além disso, o endotélio está envolvido
no controle hormonal e neurogênico local do tônus vascular e dos processos
homeostáticos. Também é responsável pela liberação de agentes vasoconstrictores,
incluindo a endotelina, que está envolvida em algumas das complicações
vasculares da hipertensão. Na presença de hipertensão ou aterosclerose, a
função endotelial está alterada e as respostas pressóricas aos estímulos locais
e endógenos passam a se tornar dominantes. Ainda é muito cedo para determinar
se a hipertensão de uma forma geral está associada à disfunção endotelial.
Também ainda não está claro se a disfunção endotelial seria secundária à
hipertensão arterial ou se seria uma expressão primária de uma predisposição
genética.
Hipertensão Arterial é definida como pressão
arterial sistólica maior ou igual a 140 mmHg e uma pressão arterial diastólica
maior ou igual a 90 mmHg, em indivíduos que não estão fazendo uso de medicação
anti-hipertensiva. Devem-se considerar no diagnóstico da HAS, além dos níveis
tensionais, o risco cardiovascular global estimado pela presença dos fatores de
risco, a presença de lesões nos órgãos-alvo e as comorbidades associadas. É
preciso ter cautela antes de rotular alguém como hipertenso, tanto pelo risco
de um diagnóstico falso-positivo, como pela repercussão na própria saúde do
indivíduo e o custo social resultante. Em indivíduos sem diagnóstico prévio e
níveis de PA elevada em uma aferição, recomenda-se repetir a aferição de
pressão arterial em diferentes períodos, antes de caracterizar a presença de
HAS. Este diagnóstico requer que se conheça a pressão usual do indivíduo, não
sendo suficiente uma ou poucas aferições casuais. A aferição repetida da
pressão arterial em dias diversos em consultório é requerida para chegar a
pressão usual e reduzir a ocorrência da “hipertensão do avental branco”, que
consiste na elevação da pressão arterial ante a simples presença do
profissional de saúde no momento da medida da PA.
O Quadro abaixo apresenta a classificação da
pressão arterial para adultos com mais de 18 anos. Os valores limites de
pressão arterial normal para crianças e adolescentes de 1 a 17 anos constam de tabelas
especiais que levam em consideração a idade e o percentil de altura em que o
indivíduo se encontra.
4.1 Classificação
da pressão arterial em adultos
CLASSIFICAÇÃO
|
PAS
(mmHg)
|
PAD
(mmHg)
|
NORMAL
|
< 120
|
< 80
|
PRÉ-HIPERTNSÃO
|
120-139
|
80-89
|
HIPERTENSÃO
|
||
ESTÁGIO
1
|
140-159
|
90-99
|
ESTÁGIO
2
|
> 160
|
> 100
|
– O valor mais alto de
sistólica ou diastólica estabelece o estágio do quadro hipertensivo.
– Quando as pressões
sistólica e diastólica situam-se em categorias diferentes, a maior deve ser
utilizada para classificação do estágio.
4.2 DIAGNÓSTICO
O diagnóstico da hipertensão arterial (HA) é feito com detalhada anamnese e exame físico, associados a duas ou mais mensurações pressóricas com valores maiores ou iguais a 140/90 mmHg, em dias e horários diferentes, observando-se a correta técnica, em indivíduos acima dos 18 anos.
Mensurações após ingestão de álcool e café, por exemplo, sem o devido repouso, podem proporcionar super estimativas relativas aos valores verdadeiros.
4.2.1 Hipertensão sistólica isolada
Hipertensão sistólica isolada é definida como comportamento anormal da PA sistólica com PA diastólica normal. A hipertensão sistólica isolada e a pressão de pulso são fatores de risco importantes para doença cardiovascular em pacientes de meia-idade e idosos.
4.2.2 Hipertensão do avental branco
Define-se
HAB quando o paciente apresenta medidas de PA persistentemente elevadas (140/90
mmHg) no consultório e médias de PA consideradas normais seja na residência.
Evidências
disponíveis apontam para pior prognóstico cardiovascular para a HAB em relação
aos pacientes normotensos. Até 70% dos pacientes com esse comportamento de PA
terão HAS em um período de dez anos.
4.2.3 Hipertensão mascarada
É
definida como a situação clínica caracterizada por valores normais de PA no
consultório (<140/90 mmHg), porém com PA elevada durante o período de vigília.
Em
diversos estudos a prevalência de HM variou de 8% a 48%. Esta condição deve ser
pesquisada em indivíduos com PA normal ou limítrofe e mesmo nos hipertensos
controlados, mas com sinais de lesões em órgãos-alvo; histórico familiar
positivo para HAS, risco cardiovascular alto e medida casual fora do
consultório anormal.
Os
pacientes portadores de HM devem ser identificados e acompanhados, pois
apresentam risco de desenvolver lesões de órgãos-alvo de forma semelhante a
pacientes hipertensos.
Após
a conclusão definitiva de que o paciente apresenta realmente HA, é necessário
considerar se a HA é primária ou secundária e, neste caso, a possibilidade de
ser curável. Além disso, averiguar o envolvimento de órgãos-alvo, presença de
fatores de risco e o estágio da HA. Estas questões devem estar presentes
durante toda a abordagem do portador de HA para serem respondidas pela
anamnese, exame físico e exames subsidiários.
As
principais estratégias para o tratamento não-farmacológico da HAS incluem as
seguintes:
5.1 Controle de peso
O excesso de peso é um fator predisponente
para a hipertensão. Estima-se que 20% a 30% da prevalência da hipertensão pode
ser explicada pela presença do excesso de peso. Todos os hipertensos com
excesso de peso devem ser incluídos em programas de redução de peso. A meta é
alcançar um índice de massa corporal (IMC) inferior a 25 kg/m2 e circunferência
da cintura inferior a 102 cm
para homens e 88 cm
para mulheres, embora a diminuição de 5% a 10% do peso corporal inicial já seja
capaz de produzir redução da pressão arterial.
Independentemente
do valor do IMC, a distribuição de gordura, com localização predominantemente
no abdome, está freqüentemente associada com resistência à insulina e elevação
da pressão arterial. Assim, a circunferência abdominal acima dos valores de
referência é um fator preditivo de doença cardiovascular.
A redução da ingestão calórica leva à perda de
peso e à diminuição da pressão arterial, mecanismo explicado pela queda da
insulinemia, redução da sensibilidade ao sódio e diminuição da atividade do
sistema nervoso autônomo simpático.
5.2 Adoção de hábitos alimentares saudáveis
A dieta desempenha um papel importante no
controle da hipertensão arterial. Uma dieta com conteúdo reduzido de teores de
sódio (<2,4 g/dia, equivalente a 6 gramas de cloreto de sódio), baseada em
frutas, verduras e legumes, cereais integrais, leguminosas, leite e derivados
desnatados, quantidade reduzida de gorduras saturadas, trans e colesterol
mostrou ser capaz de reduzir a pressão arterial em indivíduos hipertensos.
5.3 Linhas
gerais de recomendação dietética para hipertensos
•
Manter o peso corporal adequado;
•
Reduzir a quantidade de sal no preparo dos alimentos e retirar o saleiro da
mesa;
•
Restringir as fontes industrializadas de sal: temperos prontos, sopas,
embutidos como salsicha, lingüiça, salame e mortadela, conservas, enlatados,
defumados e salgados de pacote, fast food;
•
Limitar ou abolir o uso de bebidas alcoólicas;
•
Dar preferência a temperos naturais como limão, ervas, alho, cebola, salsa e
cebolinha, ao invés de similares industrializados;
•
Substituir bolos, biscoitos doces e recheados, sobremesas doces e outras
guloseimas por frutas in natura;
•
Incluir, pelo menos, seis porções de frutas, legumes e verduras no plano
alimentar diário, procurando variar os tipos e cores consumidos durante a
semana;
•
Optar por alimentos com reduzido teor de gordura e, preferencialmente, do tipo
mono ou poliinsaturada, presentes nas fontes de origem vegetal, exceto dendê e
coco;
•
Manter ingestão adequada de cálcio pelo uso de vegetais de folhas verde-escuras
e produtos lácteos, de preferência, desnatados;
•
Identificar formas saudáveis e prazerosas de preparo dos alimentos: assados,
crus, grelhados, etc.;
•
Estabelecer plano alimentar capaz de atender às exigências de uma alimentação
saudável, do controle do peso corporal, das preferências pessoais e do poder
aquisitivo do indivíduo e sua família.
5.4 Redução do consumo de bebidas alcoólicas
A relação entre o alto consumo de bebida
alcoólica e a elevação da pressão arterial tem sido relatada em estudos
observacionais e a redução da ingestão de álcool pode reduzir a pressão
arterial em homens normotensos e hipertensos que consomem grandes quantidades
de bebidas alcoólicas. Recomenda-se limitar a ingestão de bebida alcoólica a
menos de 30 ml/dia de etanol para homens e a metade dessa quantidade para
mulheres, preferencialmente com as refeições. Isso corresponde, para o homem, a
ingestão diária de no máximo 720 ml de cerveja (uma garrafa); 240 ml de vinho
(uma taça) ou 60 ml de bebida destilada (uma dose). Aos pacientes que não
conseguem se enquadrar nesses limites de consumo sugere-se o abandono do
consumo de bebidas alcoólicas, abandono do tabagismo e prática de atividade
física regular.
O objetivo primordial do tratamento da
hipertensão arterial é a redução da morbidade e da mortalidade cardiovascular
do paciente hipertenso, aumentadas em decorrência dos altos níveis tensionais e
de outros fatores agravantes. São utilizadas tanto medidas não-farmacológicas
isoladas como associadas a fármacos anti-hipertensivos. Os agentes
anti-hipertensivos a serem utilizados devem promover a redução não só dos
níveis tensionais como também a redução de eventos cardiovasculares fatais e
não-fatais.
O
tratamento medicamentoso visa reduzir os
níveis pressóricos para valores inferiores a 140 mmHg de pressão sistólica e a
90 mmHg de pressão diastólica. Reduções da PA para níveis inferiores a 130/85
mmHg são recomendadas para situações específicas, como em pacientes de alto
risco cardiovascular, principalmente com microalbuminúria, insuficiência
cardíaca, com comprometimento renal e na prevenção secundária de acidente
vascular cerebral. Nos pacientes com diabete a pressão alvo é inferior a 130/80
mmHg.
6.1 Princípios gerais
do tratamento
• O medicamento
anti-hipertensivo deve:
– Ser eficaz por via
oral;
– Ser bem tolerado;
–
Permitir a administração em menor número possível de tomadas, diárias, com
preferência para posologia de dose única diária.
•
Iniciar com as menores doses efetivas preconizadas para cada situação clínica,
podendo ser aumentadas gradativamente. Deve-se levar em conta que quanto maior
a dose, maiores serão as probabilidades de efeitos adversos.
•
Pode-se considerar o uso combinado de medicamentos anti-hipertensivos em
pacientes com hipertensão em estágios 2.
Respeitar
o período mínimo de quatro semanas, salvo em situações especiais, para aumento
de dose, substituição da monoterapia ou mudança da associação de fármacos.
•
Instruir o paciente sobre a doença hipertensiva, particularizando a necessidade
do tratamento
continuado,
a possibilidade de efeitos adversos dos medicamentos utilizados, a planificação
e os objetivos terapêuticos.
•
Considerar as condições socioeconômicas.
6.2 Agentes anti-hipertensivos
Os
agentes anti-hipertensivos exercem sua ação terapêutica através de distintos
mecanismos que interferem na fisiopatologia da hipertensão arterial.
Basicamente, podem ser catalogados em cinco classes:
6.3
Classes de anti-hipertensivos
• Diuréticos.
• Inibidores
adrenérgicos.
• Vasodilatadores
diretos.
• Antagonistas do
sistema renina-angiotensina.
• Bloqueadores dos
canais de cálcio.
Entre os fármacos mais estudados e que se
mostraram benéfico em reduzir eventos cardiovasculares, cerebrovasculares e
renais maiores estão os diuréticos em baixas doses. Considerando ainda o baixo
custo e extensa experiência de emprego, são recomendados como primeira opção
anti-hipertensiva na maioria dos pacientes hipertensos. Devem ser prescritos em
monoterapia inicial, especialmente para pacientes com hipertensão arterial em
estágio 1 que não responderam às medidas não-medicamentosas. Entretanto, a
monoterapia inicial é eficaz em apenas 40% a 50% dos casos.
Muitos
pacientes necessitam a associação com anti-hipertensivo de outra classe, como
inibidores da ECA, beta-bloqueadores, antagonista do cálcio.
Para
pacientes em estágio 2, pode-se considerar o uso de associações de fármacos
anti-hipertensivos como terapia inicial.
O papel do enfermeiro em educação em saúde
pode ajudar aos indivíduos a se adaptarem à doença. e a prevenir complicações e
atender à terapia prescrita e resolver problemas quando confrontados com novas
situações. Essa é uma tarefa que depende, no caso da saúde, de profissionais
com habilidades e competências para orientar as pessoas a: Promover a saúde;
Evitar riscos a saúde; Prevenir doenças; A meta da educação em saúde é ensinar
as pessoas a viverem a vida da maneira mais saudável.
Os (As) enfermeiros (as), a julgar pela sua
sapiência em saúde e em atenção à saúde e por sua grande e longa credibilidade
junto aos usuários, têm um papel fundamental na promoção da saúde. A
aprendizagem pode ser definida como: aquisição de conhecimento, atitudes ou
habilidades. A atuação do enfermeiro, nesta estratégia, deve englobar
atividades preventivas e curativas no âmbito individual e coletivo. (Ribeiro
2009)
Cabe ao enfermeiro atuante na comunidade
desenvolver estratégias de ação além das atividades para a manutenção, promoção
da saúde e prevenção de doenças. Este profissional possui a responsabilidade do
diagnóstico, intervenções e assessoria para que as pessoas possam atingir seu
potencial ao máximo de saúde. (HORTA, 1979 ).
7.1
AÇÕES
1-
Reduzir o peso corporal através de dieta calórica controlada: substituir as
gorduras animais por óleos vegetais, diminuir os açúcares e aumentar a ingestão
de fibras.
2-
Reduzir o sal de cozinha, embutidos, enlatados, conservas, bacalhau, charque e
queijos salgados.
3-
Reduzir o consumo de álcool.
4-
Exercitar-se regularmente 30-45 minutos, de três a cinco vezes por semana.
5-
Abandonar o tabagismo.
6-
Controlar as alterações das gorduras sanguíneas (dislipidemias), evitando os
alimentos que aumentam os triglicerídeos como os açúcares, mel, melado,
rapadura, álcool, e os ricos em colesterol ou gorduras saturadas: banha,
torresmo, leite integral, manteiga, creme de leite, linguiça, salame, presunto,
frituras, frutos do mar, miúdos, pele de frango, dobradinha, mocotó, gema de
ovo, carne gorda, azeite de dendê, castanha, amendoins, chocolate e sorvetes.
7-
Controlar o estresse.
8-
Reduzir o sal é muito importante para os hipertensos da raça negra, pois neles
a hipertensão arterial é mais severa e provoca mais acidentes cardiovasculares,
necessitando controles médicos constantes e periódicos.
9-
Evitar drogas que elevam a pressão arterial: anticoncepcionais,
antiinflamatórios, moderadores de apetite, descongestionantes nasais,
antidepressivos, corticóides, derivados da ergotamina, estimulantes (anfetaminas),
cafeína, cocaína e outros.
O presente artigo enfoca
a Hipertensão Arterial Sistêmica com aspectos epidemiológicos, diagnósticos,
tratamento farmacológico e não farmacológico. A HAS, uma doença crônico-degenerativa,
multifatorial, na maioria das vezes assintomática, de evolução lenta e
progressiva que pode prejudicar a função de diversos órgãos nobres, como coração,
cérebro, rins e olhos. A HAS constitui um grande problema social, visto que
pode produzir lesões em órgãos-alvo em idade precoce e, portanto, produtiva do
indivíduo, ocasionando altos danos à saúde.
As
pesquisas aqui descritas, enfocam, ainda, o tratamento da HAS, qual se faz
necessário, inicialmente, estratificar os riscos, definir os objetivos, metas e
as condições, de formar a manter a qualidade de vida. Assim, deve-se dar ênfase
ao tratamento não farmacológico, com modificações no estilo de vida e, quando
não suficiente, associar o tratamento farmacológico, considerando ainda os
casos especiais, como o diabetes mellitus, coronáriopatia e insuficiência
cardíaca.
Conclui-se, portanto,
que, a Hipertensão Arterial Sistêmica, se trata de uma moléstia que acomete uma
grande porcentagem da população brasileira e, também, mundial, e que pode vir
afetar de forma grave a saúde do individuo, o que requer maior atenção por
partes dos agentes e órgãos da saúde e da população em geral, que deve estar
focada, entre outras coisas, nas mudanças de hábitos, tais como hábitos alimentares,
o que se faz como grande problemática, já que esses hábitos estão diretamente
ligados a cultura e a realidade social a qual este indivíduo se encontra
inserido.
Caderneta da atenção básica (Ministério
da Saúde )
*** Artigo baseado no Seminário Integrado de Enfermagem, para as disciplinas de Bioquímica, Fisiologia e Imunologia, abordando o tema: Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS), apresentado pelos acadêmicos: Ana Monique; Carlos Rocha; Cristiane Andrade; Janine Teixeira; Karla Talita; Mayke Muller e Thalita Soares. Pelo: Instituto de Ciências e Saúde (ICS) - FUNORTE - Montes Claros - MG. Em 04/2012.